A realização da segunda edição do evento deverá ser na Nicarágua, em 2010. Leia entrevista com o presidente da OCLAE, Roberto Obregón.
O Brasil sediou, entre os dias 4 e 6 de setembro, o 1º Encontro Latino-Americano e Caribenho de Estudantes Secundaristas, com a presença de cerca de 700 estudantes de todos os estados brasileiros e de 14 países. O evento aconteceu no Rio de Janeiro, simultaneamente ao 12º CONEG da UBES (União Brasileira de Estudantes Secundaristas).
Ao final do encontro, o presidente da OCLAE (Organização Continental Latino-Americana de Estudantes), Roberto Obregón, fez um balanço da atividade e confirmou a realização de uma nova edição no próximo ano. Leia trechos da entrevista com Obregón e na sequência adeclaração final do 1º Encontro Latino-Americano e Caribenho de Estudantes Secundaristas.
1) Qual a importância da realização de um Encontro como esse?
Roberto Obregón: Sem dúvida o 1º Encontro Latino-Americano e Caribenho de Estudantes Secundaristas marca o desenvolvimento do movimento estudantil secundarista do continente e a definição de ações conjuntas, como a realização de uma Jornada Continental de Lutas.
Foi um privilégio também ter sido consensual entre os participantes desse encontro que vai haver um 2º Encontro Latino-Americano e Caribenho de Estudantes Secundaristas, no marco da realização da 17º OCLAE, na Nicarágua. Estamos analisando com o governo sandinista, em conjunto com as organizações estudantis, de ser realizado durante o mês de julho de 2010. Neste sentido, será importante também poder contar com o apoio da UBES e da UNE (União Nacional dos Estudantes) e, especialmente, com a capacidade que caracteriza a direção da UBES.
2) Como se chegou à necessidade de realização de um encontro de estudantes latino-americanos e caribenhos?
Obregón: A reunião consultiva da OCLAE, realizada em maio deste ano em Cuba, abordou a realização desse encontro no Brasil e analisou quais são as principais problemáticas do movimento estudantil no continente, particularmente do movimento secundarista, que, sem dúvida, é o relevo da juventude. Uma juventude que deve trabalhar para agilizar o processo de transformação do continente, que tem que estar comprometida com o futuro de seu país e garantir a continuidade de tudo que está sendo discutido sobre desenvolvimento político e social em cada um dos seus países.
Escolhemos o Brasil para a realização desse evento não só pelo nível de organização que têm a UBES e a UNE, mas também pela responsabilidade que a UBES tem dentro da OCLAE, com poder de aglutinação, ação, visão política e organização do movimento secundarista do continente.
3) Quais sãos as ações que merecem atuação conjunta entre o movimento estudantil do continente?
Obregón: Entre as ações conjuntas está a mobilização que acabamos de fazer em defesa da educação pública e gratuita, assim como a favor de um sistema cultural como identidade de toda a nossa América.
Mas, sem dúvida, o principal trabalho realizado em conjunto entre o movimento estudantil secundarista e universitário poderá ser uma análise da educação no mundo. Uma educação que é privada em muitos países da América Latina e do Caribe.
O movimento estudantil está contra a privatização da educação e à declaração recente da OMC (Organização Mundial do Comércio) de que a educação é parte do mercado. Neste sentido, tenho que destacar as manifestações importantes que o Brasil está convocando. Além disso, há a necessidade de nos unirmos também do ponto de vista cultural, como um segundo aspecto importante. Uma cultura que nos permite estarmos unidos como parte do compromisso histórico de todos nós com cada uma de nossas nações. Temos que ter o compromisso também de compreender que, em algum momento de nossa vida, somos parte de uma transformação que estamos vivendo hoje no continente. Uma transformação da qual os estudantes são protagonistas e devem dar continuidade, com capacidade de analisar a situação em cada um de seus países e influir sobre essa realidade.
4) Qual sua avaliação sobre esse 1º Encontro?
Obregón: Como positivo eu aponto não só a participação da delegação internacional, mas também a excelente mobilização dos estudantes secundaristas brasileiros. Participaram estudantes de 14 países e cada um deles apontou o seu ponto de vista e fez uma análise muito particular da realidade em seu país. Conseguimos fazer um evento frutífero que, sem dúvida, tomou decisões importantes. Entre as resoluções, uma contra a militarização que está ameaçando a segurança de todo o continente, por exemplo, na Colômbia, com a incursão das bases militares. Outra resolução é contra o golpe em Honduras, que é ilegítimo e que tem feito sofrer o movimento estudantil e o povo hondurenhos. E a terceira resolução, que foi um acordo importante desse encontro aqui no Rio de Janeiro, é a necessidade de denunciar internacionalmente o que está acontecendo com cinco jovens cubanos que estão encarcerados nos EUA.
Como resultado final, aprovamos uma declaração oficial desse 1º Encontro Latino-Americano de Estudantes Secundaristas, que reúne, dentro de seus principais temas, a necessidade de que o movimento estudantil secundarista e universitário esteja unido para enfrentar as principais problemáticas que temos neste momento.
DECLARAÇÃO FINAL DO 1º ENCONTRO LATINO-AMERICANO E CARIBENHO DE ESTUDANTES SECUNDARISTAS
Rio de Janeiro, 06 de Setembro de 2009
Na história da América Latina, os inumeráveis conflitos políticos, ditaduras, perseguições etc. foram determinantes na formação de um pensamento critico, reflexivo e transformador, e gerador de lutas sociais e políticas, protagonizadas pelo movimento estudantil latino-americano, que se inspirou na Reforma Universitária de Córdoba de 1918 até sua máxima expressão organizativa, com a fundação da OCLAE no ano de 1966.
A OCLAE serviu para fortalecer e motivar as diversas organizações estudantis em nível continental, que hoje se mantêm lutando com princípios como o antiimperialismo, anti-facismo, anti-colonialismo, contra a xenofobia, pela liberdade plena do ser humano, contra o racismo, em combate ao analfabetismo, em defesa da soberania plena dos povos e por uma educação pública, gratuita e de qualidade como direito fundamental da humanidade.
Hoje, dizemos com certeza que a unidade e a solidariedade são armas fundamentais que nos têm permitido lograr vitórias políticas e sociais no continente. Um exemplo disso são os governos democráticos, progressistas que se dão na América Latina e o avanço das mudanças fundamentais que estão acontecendo através destes governos. O imperialismo procura detê-los, através de campanha de desprestígio, desinformação e vilipendio.
Vivemos e enfrentamos uma Crise Geral do sistema no seu plano econômico, político, social, ambiental, alimentar e cultural, gerada por um capitalismo selvagem que hoje busca que seus interesses, mantidos por décadas, prevaleçam. A crise não é nossa. Portanto, que paguem os culpados. Os povos latino-americanos, os estudantes e os trabalhadores, que não criaram esta situação, não devem pagar por ela. Devemos enfrentá-la e desmascará-la, demonstrando em todo o momento o caráter unitário do movimento estudantil latino-americano.
Os Estados devem garantir o acesso e o financiamento à Educação. Estamos conscientes que essa crise afeta nossos países, mas o setor educativo deve ser prioritário. Por isso, exigimos que não se diminua seu pressuposto. Consideramos a educação um eixo fundamental do desenvolvimento de nossos povos. Lutamos contra a sua mercantilização e transnacionalização, pugnamos por uma reforma educativa baseada na realidade de cada país, em igualdade de oportunidades, em que a qualidade constitua o máximo expoente em interação entre o ensino e a aprendizagem, garantindo sua vinculação com a sociedade, que significa entregar um profissional capacitado com uma formação integral necessária para propiciar o desenvolvimento de nossos países.
Os estudantes, reunidos no marco do primeiro Encontro Latino-Americano e Caribenho de Estudantes Secundaristas, em busca de novas alternativas nos âmbitos educativos para seu fortalecimento e de maior protagonismo na tomada de decisões.
Reafirmamos nosso compromisso inaliável na luta por alcançar as conquistas de nossos direitos, tendo como premissas nosso caráter antiimperialista, a luta por uma verdadeira participação política e a incorporação a todos os processos de mudança. Cremos que este não será o único espaço que teremos. Mais do que nunca necessitamos estar vigilantes ante a realidade que vivemos para exigir maiores espaços em todos os âmbitos, nos quais participamos com o fim de gerar sobre a base de novas experiências e formas organizativas no Ensino Médio.
Nosso papel, como movimento estudantil na América Latina e Caribe, é de incidir na discussão de um novo sistema que leve em consideração a integração e a luta em busca de uma identidade própria, pela manutenção de nossas tradições, pelo fortalecimento das organizações, de solidariedade com os processos democráticos e em defesa da educação como nosso baluarte. Somente com o movimento estudantil unido, firme e consequente é que seremos capazes de alcançar novas vitórias.
Organização Continental Latino-Americana e Caribenha dos Estudantes - OCLAE
União Brasileira dos Estudantes Secundaristas - Brasil
Federação dos Estudantes Secundaristas - Nicarágua
Federação dos Estudantes Secundaristas do Equador
Federação dos Estudantes do Ensino Médio - Cuba
Associação Nacional de Estudantes Secundaristas - Colômbia
Federação dos Estudantes Dominicanos - República Dominicana
Federação dos Estudantes Secundaristas de Honduras
Federação dos Estudantes Secundaristas - Bolívia
Movimento Independente Latino Americanista Estudantil - Argentina
Centro de Estudantes do Liceu Poas - Costa Rica
Comissão Nacional de Ensino Médio - Chile
Frente Estudantil Derlis Villagra - Paraguay
União Nacional dos Estudantes - Brasil
União Nacional dos Estudantes da Nicarágua
Federação Estudantil Universitária - Cuba
Federação de Estudantes Universitários do Equador
Associação Colombiana de Estudantes Universitários
Federação Mundial de Juventudes Democráticas - FMJD
Fonte: Une
E aí, pessoal, tudo bem? Fiquei muito contente ao ver que vocês publicaram aqui nosso encontro com o presidente Lula. Peço que acompanhem sempre o nosso trabalho e que, por favor, coloquem entre os links exibidos neste blog o site da UEP: www.estudantepe.com
ResponderExcluirAbraços,
Virgínia Barros
Presidente da UEP.