Todos os anos, um pequeno grupo de jovens rejeita a convocação para cumprir o serviço militar obrigatório em Israel e se rebela contra a política de opressão e ocupação do seu país.
Eles são os "shministim", estudantes israelenses que estão no final do Ensino Médio e recusam o alistamento militar. Dois deles foram presos na última quinta-feira (22).
Efi Brenner, de 18 anos, mostrava-se tranquilo antes de seguir para a base militar onde será condenado à prisão. Ele afirmou que pretendia expor às autoridades militares que não quer "participar de um Exército que ocupa os territórios palestinos e que controla quase todos os aspectos da vida da nação palestina".
São poucos os que, como ele, além de se oporem à política israelense, se atrevem a reconhecer tal postura publicamente e a argumentar motivos políticos, atitude que tem um alto custo pessoal e social.
Os pais de Brenner expulsaram-no de casa na sexta-feira da semana passada depois de o seu caso ter sido publicado num jornal. Foi para a casa de um amigo e não espera visitas de sua família na prisão militar para a qual será enviado.
Neste ano, quase 100 jovens assinaram a "carta dos shministim", segundo a qual "a ocupação cria uma realidade insuportável para os palestinos" concretizada nos "postos de controle", na anexação de terras, na construção do muro do apartheid e de estradas só para israelenses, em assassinatos e em projetos de novos assentamentos ilegais".
Or Ben David, de 19 anos e signatária do documento, também foi presa no último fim de semana, mas chegará à base militar onde ficará detida acompanhada pelo seu pai, que não compartilha da sua opinião, mas a respeita.
"O Exército ligou para a minha família continuamente ameaçando prender-me", explica Or, ao contar que, dos seus dois irmãos gêmeos, um fará o serviço militar em breve e outro ficou livre desta obrigação ao alegar motivos de saúde.
"Cada vez são mais os que não querem ir para o Exército e evitam fazê-lo de um jeito ou de outro. Eu decidi tornar isso público e argumentar motivos políticos, mas isso tem consequências: as pessoas insultam-te e chamam-te de traidora ou parasita", afirma a jovem.
Para estes dois jovens, começou na última quinta-feira um processo de meses nos quais entrarão e sairão da prisão até que um tribunal os liberte da obrigação de cumprir o serviço militar obrigatório, normalmente por "problemas de saúde mental".
"Não lhes interessa manter-nos na prisão. Portanto, quando se derem conta que não nos podem convencer, deixarão ir", explicou Sahar Vardi, estudante de História, que se negou a prestar o serviço militar no ano passado e integra a organização "New Profile" ("Novo Perfil"), que apoia os dissidentes.
Vardi destaca que ninguém sabe quantos são os opositores ao serviço militar. Segundo ela, "há muitos que se livram de forma legal e há uns 200 casos ao ano aprovados pelo comitê de objeção de consciência", instância que aceita alguns casos de pacifistas, mas rejeita todos aqueles que argumentam motivos políticos.
Depois do período na prisão, os "shministim" costumam ter problemas para tirar a habilitação de motorista, não podem trabalhar em atividades relacionadas com a segurança, nem em serviços governamentais, mas, principalmente, sofrem com a discriminação social.
"No papel, as consequências não são tão más, mas o pior é a sociedade, que está absolutamente militarizada. Perguntam pelo serviço militar nas entrevistas de trabalho e julgam-te se o não tiveres feito", explica Vardi. Dos 250 estudantes que terminaram o Ensino Médio no seu colégio, apenas dois não foram para o Exército.
Os "shministim" normalmente não têm apoio entre pessoas próximas. Eles acabam se conhecendo e se juntando através da internet, assim como pela sua participação em foros pacifistas e ONGs.
"O que fazemos vai contra tudo o que nos ensinaram e tudo o que há à nossa volta", diz Vardi, ao relatar que em Israel "há armas por toda parte, os soldados dão palestras nos colégios e inclusive há um projeto para ter um militar fixo em cada escola".
Segundo a jovem, o sistema educacional de Israel "está muito militarizado e um de seus objetivos é gerar o maior número possível de soldados".
De acordo com Vardi, recentemente, uma instituição de ensino excluiu os "shministim" da cerimônia de formatura.
Embora os atuais opositores sofram alguns meses de encarceramento, correm ainda o risco de que se repita o que ocorreu em 2002, quando um grupo de cinco insubmissos foi condenado por um tribunal militar a quase dois anos de prisão.
Um deles, Matam Caminer, afirmou que faria tudo de novo.
"Não me arrependo do que fiz. Foi a decisão correta. O nosso caso provocou um impacto e um debate sobre a ocupação que ainda continua aberto", garante.
Leia abaixo o conteúdo de um planfleto distribuído por eles:
Efi Brenner, de 18 anos, mostrava-se tranquilo antes de seguir para a base militar onde será condenado à prisão. Ele afirmou que pretendia expor às autoridades militares que não quer "participar de um Exército que ocupa os territórios palestinos e que controla quase todos os aspectos da vida da nação palestina".
São poucos os que, como ele, além de se oporem à política israelense, se atrevem a reconhecer tal postura publicamente e a argumentar motivos políticos, atitude que tem um alto custo pessoal e social.
Os pais de Brenner expulsaram-no de casa na sexta-feira da semana passada depois de o seu caso ter sido publicado num jornal. Foi para a casa de um amigo e não espera visitas de sua família na prisão militar para a qual será enviado.
Neste ano, quase 100 jovens assinaram a "carta dos shministim", segundo a qual "a ocupação cria uma realidade insuportável para os palestinos" concretizada nos "postos de controle", na anexação de terras, na construção do muro do apartheid e de estradas só para israelenses, em assassinatos e em projetos de novos assentamentos ilegais".
Or Ben David, de 19 anos e signatária do documento, também foi presa no último fim de semana, mas chegará à base militar onde ficará detida acompanhada pelo seu pai, que não compartilha da sua opinião, mas a respeita.
"O Exército ligou para a minha família continuamente ameaçando prender-me", explica Or, ao contar que, dos seus dois irmãos gêmeos, um fará o serviço militar em breve e outro ficou livre desta obrigação ao alegar motivos de saúde.
"Cada vez são mais os que não querem ir para o Exército e evitam fazê-lo de um jeito ou de outro. Eu decidi tornar isso público e argumentar motivos políticos, mas isso tem consequências: as pessoas insultam-te e chamam-te de traidora ou parasita", afirma a jovem.
Para estes dois jovens, começou na última quinta-feira um processo de meses nos quais entrarão e sairão da prisão até que um tribunal os liberte da obrigação de cumprir o serviço militar obrigatório, normalmente por "problemas de saúde mental".
"Não lhes interessa manter-nos na prisão. Portanto, quando se derem conta que não nos podem convencer, deixarão ir", explicou Sahar Vardi, estudante de História, que se negou a prestar o serviço militar no ano passado e integra a organização "New Profile" ("Novo Perfil"), que apoia os dissidentes.
Vardi destaca que ninguém sabe quantos são os opositores ao serviço militar. Segundo ela, "há muitos que se livram de forma legal e há uns 200 casos ao ano aprovados pelo comitê de objeção de consciência", instância que aceita alguns casos de pacifistas, mas rejeita todos aqueles que argumentam motivos políticos.
Depois do período na prisão, os "shministim" costumam ter problemas para tirar a habilitação de motorista, não podem trabalhar em atividades relacionadas com a segurança, nem em serviços governamentais, mas, principalmente, sofrem com a discriminação social.
"No papel, as consequências não são tão más, mas o pior é a sociedade, que está absolutamente militarizada. Perguntam pelo serviço militar nas entrevistas de trabalho e julgam-te se o não tiveres feito", explica Vardi. Dos 250 estudantes que terminaram o Ensino Médio no seu colégio, apenas dois não foram para o Exército.
Os "shministim" normalmente não têm apoio entre pessoas próximas. Eles acabam se conhecendo e se juntando através da internet, assim como pela sua participação em foros pacifistas e ONGs.
"O que fazemos vai contra tudo o que nos ensinaram e tudo o que há à nossa volta", diz Vardi, ao relatar que em Israel "há armas por toda parte, os soldados dão palestras nos colégios e inclusive há um projeto para ter um militar fixo em cada escola".
Segundo a jovem, o sistema educacional de Israel "está muito militarizado e um de seus objetivos é gerar o maior número possível de soldados".
De acordo com Vardi, recentemente, uma instituição de ensino excluiu os "shministim" da cerimônia de formatura.
Embora os atuais opositores sofram alguns meses de encarceramento, correm ainda o risco de que se repita o que ocorreu em 2002, quando um grupo de cinco insubmissos foi condenado por um tribunal militar a quase dois anos de prisão.
Um deles, Matam Caminer, afirmou que faria tudo de novo.
"Não me arrependo do que fiz. Foi a decisão correta. O nosso caso provocou um impacto e um debate sobre a ocupação que ainda continua aberto", garante.
Leia abaixo o conteúdo de um planfleto distribuído por eles:
Shministim
Recusando servir a ocupação!
Somos adolescentes israelenses que se recusam a participar num exército que ocupa ilegalmente e brutalmente os territórios palestinos e estão dispostos a pagar o preço da nossa luta contra a ocupação e em favor da paz.
Recusando servir a ocupação!
Somos adolescentes israelenses que se recusam a participar num exército que ocupa ilegalmente e brutalmente os territórios palestinos e estão dispostos a pagar o preço da nossa luta contra a ocupação e em favor da paz.
Fonte: Fórum Palestina
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