quarta-feira, 30 de setembro de 2009

SP: "Cercadinho" de Serra no Metrô teve que ser abortado

"Hoje São Paulo tem o Metrô mais lotado do mundo, com mais de 10 passageiros por metro quadrado", denuncia o Sindicato dos Metroviários. O governo José Serra (PSDB) teve uma ideia luminosa para enfrentar o problema: a "Operação Embarque Melhor", tão "melhor" que, no primeiro dia de teste, na hora do pico desta segunda-feira (28), teve que ser abortada depois de apenas 25 minutos.

Cena do teste da ideia de Serra na Estação Sé do Metrô

Simplesmente havia passageiros demais para os "cercadinhos" que limitavam em 30 passageiros o embarque em cada porta dos trens. Teimoso, o Metrô sob administração tucana resolveu fazer outro teste na terça-feira (29).

"O tumulto só mudou de lugar"


O objetivo do esquema é limitar o número de pessoas que se agrupam diante das portas dos trens nos horários de pico e nas estações mais movimentadas, Tatuapé e Barra Funda. Em cada trem, entrariam 900 pessoas, 30 em cada porta. O 31º teria que esperar a próxima composição.

Na terça-feira o esquema mudou para 40 por "cercadinho". Entre 17h30 e 19h, cerca de 200 funcionários tentaram segurar a multidão, só na Estação Sé e apenas no sentido Itaquera. Na segunda, tinham sido 110 funcionários. A assessoria de imprensa do Metrô informou que a análise do segundo dia só seria divulgada na quarta-feira, mas quem assistiu constatou que novamente não deu certo. "O tumulto só mudou de lugar", reclamou a ajudante-geral Lilian da Silva.

"O Sindicato é contra esta medida e exige que o Metrô tome as devidas providências para que os usuários tenham conforto e segurança em todo o sistema, bem como que os metroviários das demais estações tenham a sua integridade preservada, já que o efetivo está reduzido e sua atuação também é comprometida", diz o informativo da entidade na internet (http://www.metroviarios.org.br).

O empurra-empurra na hora de embarcar é um dos maiores problemas do metrô de São Paulo. Mas a solução está em mais trens, mais linhas e mais estações, não em impedir os passageiros de embarcar.

Um Metrô que não corresponde à metrópole


O problema, analisa o Sindicato, é que a expansão do Metrô-SP "nunca correspondeu às necessidades desta metrópole, que não pode mais estar fadada a prosseguir em ritmo de tartaruga na ampliação de sua malha metroferroviária".

As estatíeticas confirmam dramaticamente a opinião dos metroviários paulistas. A tabela ao lado comprova.

O mundo tem 55 linhas de metrô com mais de 50 km de extensão. Destas, 42 são mais extensas que a de São Paulo. Chegam a 51 as que ficam em cidades com população menor que a paulistana. E nenhuma usa o "cercadinho" que o governo Serra tentou implantar.

Além disso, 20 das 42 linhas que ganham da capital paulista são mais recentes que ela (inaugurada em 1974). E sete são mais novas que os 14 anos de reinado do PSDB no estado de São Paulo.

O metrô de Xangai, na China, por exemplo, foi inaugurado em 1995, quando Mário Covas era o governador paulista; hoje dem 250,2 km de extensão, mais do quádruplo de São Paulo. O de Tabriz, no Irã, é de 2002, Geraldo Alckmin governador; com 85 km, é 38,7% mais extenso. E o metrô de Dubai, nos Emirados Árabes, que foi inaugurado este ano, já está com 52,1 km, ou 85% do de São Paulo. Cuidado para não ficar atrás de Dubai, José Serra...

Atento aos problemas do povão, o jornalista Paulo Henrique Amorim ridicularizou a ideia de Serra em seu blog, Conversa Afiada (http://www.paulohenriqueamorim.com.br):

O metrô de São Paulo é insuficiente com os vagões, as estações, as paradas que tem e os intervalos entre elas.

O que está aí não basta.

Sem falar no que não está – e não andou mais rápido, por causa, por exemplo, da cratera da Linha 4.

Agora, os gênios do engenheiro civil [como PHA chama José Serra, depois que se descobriu que ele se diz engenheiro mas na verdade não se formou] resolveram resolver o problema do metrô.

Não é construir mais estações.

Botar mais trens para rodar.

Nem aumentar a frequência das paradas.

Não, ele é um gênio.

As soluções têm que ser geniais.

Ele resolveu criar um “cercadinho” para os pobres.

É assim.

O pobre chega à estação.

Pensa que, por se tratar de uma estação do metrô, ele vai se aproximar da plataforma, esperar o trem chegar, pegar o trem e ir trabalhar.

Não, com os tucanos, não é assim que funciona.

O pobre chega de manhã e entra num “cercadinho”.

E fica lá.

No “cercadinho”.

Em lugar de ficar um colado no outro, a se empurrar na beira da plataforma, agora fica todo mundo colado, a se empurrar, mas no “cercadinho”.

Sensacional.

Isso é coisa de gênio.

Qual o objetivo do “engenheiro civil” ?

Não é reduzir o número obsceno de horas que o trabalhador de São Paulo leva para ir e voltar do trabalho.

Não, isso não é problema dele.

Esse pessoal vota na Marta, mesmo.

Azar o dele.

O problema do Zé Pedágio é a fotogenia.

Na hora em que a Globo filmar, de cima, a estação do metrô, cheia de gente, vai dar ao espectador a impressão de que está tudo arrumadinho, ordeiramente, cada qual no seu “cercadinho”.

Ele é um gênio.

Mal sabe ele que o problema do transporte público em São Paulo pode degenerar num “caracazo”.

E o vândalo será ele, o engenheiro civil …

Fonte: Vermelho.org.br

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