quinta-feira, 18 de março de 2010

Jovens apostam primeiro na profissão para depois investir no curso superior

RIO DE JANEIRO - O sonho de grande parte dos jovens é entrar em uma universidade, receber o diploma de ensino superior. Na contramão desse desejo, aparece a necessidade de entrar o quanto antes no mercado de trabalho. Para esses alunos, a maioria do ensino público, aparece a oportunidade de ingressar em um curso técnico. A história do pernambucano Erick Willians, de 19 anos, ilustra bem essa realidade. O garoto tem o sonho de cursar, pelo menos, duas graduações: engenharia e física. Mas, por enquanto, investe quase 24 horas na Olimpíada do Conhecimento, torneio realizado pelo Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), que se realiza no Rio de Janeiro até este sábado (13).

Foi exatamente em uma das edições da Olimpíada do Conhecimento, realizada em Pernambuco (2006), que Erick descobriu o ensino técnico. Dois anos depois, entrou no Prominp (Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural) para cursar caldeiraria. No Estado, os cursos do Prominp são uma parceria do governo federal com o Senai. "Fiquei encantado com a grandiosidade do evento e pedi muito a Deus para fazer um daqueles cursos", lembra.

Erick Willians, que terminou o ensino médio em escola pública, não só fez o curso como se destacou. Hoje, é uma das apostas da delegação pernambucana na olimpíada. Desde dezembro de 2008, o jovem divide o tempo entre a preparação para o torneio e um novo curso de qualificação de inspetor dimensional. "Um empresário viu meu desempenho na etapa estadual e resolveu investir pagando o curso, que é muito puxado", afirmou. Segundo Erick, para tirar a habilitação é preciso passar em oito provas, mas o salário, uma média de R$ 13 mil, compensa. "Primeiro tenho que me sustentar para depois entrar em um curso superior. Essa é a realidade da maioria dos brasileiros."

O pernambucano Isnaldo Filho, 20, é um dos concorrentes do torneio na modalidade mecânica de manutenção. Quando concluiu o curso na unidade do Senai-PE, Cabo de Santo Agostinho, já estava empregado. Porém resolveu abrir mão do trabalho para se dedicar exclusivamente à competição. "Sonho mais alto. Sei que essa olimpíada pode abrir muitas portas", disse. O maior desejo de Isnaldo é ser professor do próprio Senai. Ele também pensa em cursar engenharia mecânica na Universidade de Pernambuco (UPE) ou Federal (UFPE).

O presidente da Confederação Nacional da Indústria, deputado federal Armando Monteiro Neto (PTB), ressaltou que os investimento na educação profissional do País ainda não são suficientes. "Os cursos oferecidos não atendem a toda a necessidade da indústria. É fundamental agregar o ensino médio ao técnico, mostrando ao jovem que essa pode ser uma porta de entrada imediata ao mercado de trabalho."

VISITA ILUSTRE - Nesta quinta-feira (11), os competidores da Olimpíada do Conhecimento receberam a visita do vice-presidente José Alencar que, inclusive, já foi presidente da Federação da Indústria de Migas Gerais. "O que aprendemos aqui é que um aluno do Senai pode chegar a presidência da república", disse referindo-se ao presidente Lula, que concluiu o curso técnico de tornearia na entidade.

*A repórter viajou a convite da Confederação Nacional da Indústria

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