quarta-feira, 17 de março de 2010

Lula visita Cisjordânia e condena cruel bloqueio de Israel

O presidente brasileiro, Luiz Inacio Lula da Silva, esteve nesta terça-feira (16) na cidade de Belém, na Cisjordânia, durante sua primeira visita à Autoridade Nacional Palestina, e foi recebido por Mahmoud Abbas, presidente da entidade.

Abbas recebe Lula em Belém (Palestina)

Abbas (esq.) recebe Lula em Belém, na Palestina

Depois da recepção, Lula encerrou uma conferência econômica que reuniu 120 empresários brasileiros e palestinos, na presença do primeiro-ministro Salam Fayyad, durante a qual desejou que um futuro Estado palestino possa, um dia, ser associado ao Mercosul — o Mercado Comum Sul-Americano.

O presidente Lula classificou nesta terça-feira de cruel o bloqueio que vem sofrendo o povo palestino e criticou o muro racista de separação construido por Israel na Cisjordânia.

"Sabemos qual é o primeiro desafio nessa caminhada. Vencer o cruel bloqueio que vem sofrendo o povo palestino. O muro de separação cobra um alto preço em termos de sofrimento humano e prejuízo material, sobretudo na Faixa de Gaza", disse.

"A asfixia imposta à Cisjordânia e a Gaza impede que a Palestina se beneficie dos fluxos de comércio internacional", disse Lula, prometendo ajudar na busca de uma solução para a criação de um Estado palestino.

Na quarta-feira Lula seguirá para Ramala, capital administrativa da Cisjordânia, onde vai assinar acordos de cooperação com o governo palestino da al-Fatá e, em seguida, visitar o túmulo do líder palestino Iasser Arafat, falecido em 2004. No início da tarde Lula viajará para Amã, onde terá uma reunião de trabalho com o rei da Jordânia, Abdullah II.

Primeiro passo

Comentando a iniciativa inédita entre presidentes brasileiros de visitar a região, Lula, que diversas vezes se referiu aos territórios palestinos como Palestina ou Estado Palestino, disse que esse é apenas o primeiro passo nessa aproximação.

"Nós estamos dando esse primeiro passo no estabelecimento de uma política entre o Estado brasileiro e o Estado palestino, uma política comercial mais sólida, mais forte e mais desenvolvida", disse Lula.

O presidente voltou a mencionar que a resolução do conflito entre israelenses e palestinos torna necessários mais interlocutores e prometeu levar a questão à comunidade internacional.

"O Brasil sempre esteve interessado, mas nunca esteve tão interessado como está agora em encontrar uma solução", disse o presidente, arrancando aplausos da plateia.

Descortesia

O assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, classificou como uma "descortesia" a atitude do ministro das Relações Exteriores israelense, Avigdor Lieberman, que boicotou a visita de Lula a Israel.

Aproveitando-se do fato da comitiva brasileira não ter visitado o túmulo de Theodor Herzl, um dos fundadores do sionismo cujo sesquicentenário está sendo comemorado pelo governo de Israel, Lieberman não compareceu a nenhum dos eventos programados com o visitante brasileiro, causando mal-estar.

Garcia lembrou que quando o ministro israelense visitou o Brasil no ano passado, "o presidente Lula o recebeu com a maior cortesia, e chegou a abrir uma exceção, porque normalmente presidente recebe presidente e seria de praxe que o chanceler tivesse sido recebido pelo nosso chanceler".

Após classificar a atitude do ministro de extrema-direita como "descortês", Garcia minimizou a questão, afirmando que "Lula tem mais coisas com o que se preocupar do que com esse assunto".

Da redação, com agências

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