A construção do projeto que será apresentado ao povo brasileiro nas eleições de 2010 foi o assunto principal do encontro do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, com a bancada do PCdoB na Câmara, no almoço-reunião desta quarta-feira (28). Ele também manifestou preocupação em ver aprovada o conjunto de medidas sociais proposto pelo governo, entre elas o salário mínimo e o aumento dos aposentados. Para as duas tarefas, destacou a importância do papel e atuação dos comunistas.
Alberto Marques
Na avaliação do ministro, o momento atual possui três elementos considerados importantes: consolidar politicamente as medidas do governo para processo de superação da crise internacional, fortalecer o legados dos oito anos do Governo Lula e a construção do projeto futuro, que será apresentado na disputa eleitoral de 2010.Ministro (ao fundo) destaca participação do PCdoB nas eleições do Presidente Lula
Para a elaboração do projeto futuro, ele destacou a importância do PCdoB, lembrando que é o único partido com quem o PT esteve coligado em todas as eleições do Presidente Lula. Padilha falou sobre a expectativa de discussão desse projeto no 12o Congresso Nacional do PCdoB que vai acontecer em novembro próximo em São Paulo, que contará com a presença do Presidente Lula e da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef.
A disputa de 2010 será polarizada, com o enfrentamento dos dois projetos, avalia o ministro, para quem não há espaço para terceira alternativa. “Para nós é importante que seja polarizada, para evitar o surgimento do pós-Lula. É importante fazer de forma polarizada, o que influencia na base política que queremos compor e o projeto que vamos apresentar”, explicou Padilha.
Com Lula X Contra Lula
Padilha disse que o debate sobre o projeto do próximo governo ainda está incipiente, mas já identifica os principais eixos que serão destacados como a intensificação da redução da desigualdades de renda, oportunidade e direitos; o debate sobre o papel do Estado; o avanço na implementação de políticas para garantir que as regiões Norte e Nordeste e regiões metropolitanas acompanhem o desenvolvimento do País e o reforço do eixo da política externa, com o Brasil ocupando cada vez mais o papel no cenário internacional.
O presidente do PCdoB, Renato Rabelo, que participou da reunião, concordou com o ministro, afirmando que a oposição está dividida e sem discurso, o que torna o momento favorável para essa batalha política bem polarizada – entre os que estão com Lula e os que estão contra. “O caminho está sendo construído e a grande vitória é a vitória do seguimento desse projeto”, afirmou, acrescentando a necessidade de manter esse projeto para que em 10, 15 anos possamos transformar o Brasil.
O dirigente comunista destacou também a integração do continente sul-americano como importante marca do Governo Lula, que deve ser explorada na campanha eleitoral. Ele avalia ainda que o Brasil possui um polo bancário público que não existe no resto do mundo para financiar esse desenvolvimento.
Espaço do PCdoB
O ministro falou sobre a participação maior dos partidos na elaboração desse projeto, destacando o espaço cada vez maior ocupado pelo PCdoB. “Além da tradição do PCdoB de estar no nosso debate, pela inserção que o Partido tem nos novos movimentos sociais - negros, mulheres, juventude e população indígena”, justificou o ministro.
Ele disse ainda que deve existir um esforço de ampliar a base de esquerda e eleger uma forte bancada de senadores. E citou a candidatura da deputada Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) para o Senado e sugeriu o investimento do nome do deputado Flávio Dino como grande liderança renovadora do Maranhão.
Renato Rabelo disse que é preciso sistematizar a experiência do projeto de desenvolvimento do País dos oito anos do Governo Lula, destacando o papel histórico da liderança de Lula, com prestígio nacional e internacional, o que vai além de Getúlio e Juscelino. “Quando isso acontece o País pode dar grandes passos, porque senão as evoluções são pequenas”, disse. Para ele, essa realidade impõe uma situação em que até o PMDB - maior partido do País - aceita liderança de Lula e segue para acordo com o PT.
Relação próxima
O líder do PCdoB, deputado Daniel Almeida (BA), que abriu a reunião, dando as boas-vindas ao ministro, ressaltou as relações e o compromisso que o PCdoB tem com o projeto político desenvolvido pelo Governo Lula e o interesse de que ele avance. Para isso, defende o compartilhamento das discussões e manutenção do diálogo para contribuir com o projeto.
Padilha agradeceu o convite e destacou a identidade política que tem com o PCdoB, contando que sua mãe e tia foram do Partido. “Uma relação política construída em momentos difíceis e positivos, reforçada na crise em 2005, época do mensalão”, disse, emendando: “Eu quero ser alguém que pode contribuir ainda mais com a relação entre nós.”
O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que substituiu José Múcio Monteiro, 38 anos, é paulista, formado pela Unicamp em Medicina e militante do PT desde a juventude.
O cargo ocupado por Padilha já foi ocupado por Jaques Wagner - que deixou a Pasta para concorrer ao governo da Bahia; Tarso Genro, que saiu para assumir o Ministério da Justiça; Walfrido dos Mares Guia, do PTB, que pediu exoneração após ser indiciado pelo Ministério Público acusado de envolvimento no escândalo do mensalão mineiro; e, finalmente, Múcio, que foi indicado para o TCU. Antes desses, o cargo já havia sido ocupado pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP).
Márcia Xavier
Da sucursal de Brasília
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