sábado, 31 de outubro de 2009

Zelaya confia que Congresso seguirá "o que o povo manda"

Os representantes do presidente constitucional de Honduras, Manuel Zelaya, e do governo golpista de Roberto Micheletti foram, nesta sexta-feira( 30), ao Congresso Nacional, entregar o acordo firmado entre as partes para devolver o país à legalidade. Zelaya, cuja restituição depende agora do veredito do Legislativo, pediu agilidade na decisão e disse confiar que o Congresso trabalhará democraticamente para permitir seu retorno.

Ao entregar o documento no Congresso, onde centenas de seguidores do presidente deposto se reuniram, o representante da delegação zelaysta, Rodil Rivera, não deu detalhes sobre o calendário do processo de restituição de Zelaya, que instou os parlamentares a agirem conforme o mandato que foi dado a eles pelo povo hondurenho.

Ontem à noite, as comissões de representantes das duas partes acordaram delegar ao Legislativo a decisão final de autorizar a volta de Zelaya à presidência. Antes, porém, será preciso obter um parecer da Corte Suprema de Justiça. Esta era a principal exigência feita pelos delegados do mandatário deposto, tirado do poder em um golpe de Estado ocorrido no dia 28 de junho."Os deputados devem seguir o que o povo manda, já que seu compromisso precisa ser com a democracia", ponderou Zelaya, em entrevista concedida à rede Telesur.

Embora tenha se mostrado otimista quanto à possível restituição, Zelaya lembrou que este é apenas "o primeiro passo" para solucionar a crise política que já dura quatro meses. Ele pediu pressa ao Congresso, para que haja uma conclusão antes das eleições do dia 29 de novembro, nas quais será escolhido seu sucessor.

"Não temos muito tempo. Minha presença legitima as eleições e promove uma saída para a crise", opinou o presidente. O pré-acordo foi anunciado no segundo dia de visita a Honduras do subsecretário de Estado norte-americano para a América Latina, Thomas Shannon. Durante a estada, os EUA deixam claro que também têm pressa e que o tempo está passando para os golpistas.

A "satisfação" de Micheletti

Micheletti, disse hoje que os Estados Unidos lhe disseram que "as coisas melhorariam" para o país após a assinatura do acordo para que o Parlamento decida sobre a restituição do governante deposto, Manuel Zelaya. "Estou muito satisfeito porque Tom Shannon, que era o delegado chefe da comissão, nos disse que imediatamente as coisas iriam melhorar para Honduras", declarou o governante de fato à rádio HRN de Tegucigalpa

Acrescentou que Shannon também lhe disse que os EUA poderiam garantir que o país terá "pessoal da Organização dos Estados Americanos (OEA) para poder supervisionar o processo eleitoral" que culminará com o pleito de 29 de novembro. "Isso é um indicativo ao reconhecimento que a OEA, EUA e Europa darão ao processo eleitoral", apontou Micheletti.

Micheletti agradeceu à comissão americana que viajou "para escutar, jamais para impor absolutamente nada". Os enviados americanos visitaram a Casa Presidencial para "agradecer por haver aberto a possibilidade do diálogo, por haver escutado e plasmado nesse documento o sentimento do país e a legalidade e cumprimento da Constituição", expressou.

A resistência

Concentrados, em frente ao Congresso, apoiadores de Zelaya anunciaram uma pressão pela restituição. "Estamos iniciando uma pressão forte ao Congresso para que seja ratificado e aprovado o acordo firmado pelas delegações (...) O Congresso tem que confirmar esse acordo porque é o que diz o Acordo de San José", disse Rafael Alegría, em uma entrevista à Telesur. Ele destacou que o povo conseguiu uma grande vitória, com o apoio da comunidade internacional, à qual agradeceu toda a ajuda prestada. "Não há que se prolongar mais o sofrimento do povo", completou.

Alegria afirmou ainda que o movimento formado na resistência ao golpe continuará levantando a bandeira da Assembleia Constituinte, mesmo reconhecendo que ela não será mais realizada num governo de Zelaya. "Estamos seguros de que esta constituinte realizaremos em 2010", concluiu Alegría.

fonte: vermelho.org.br

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