CUT e Força Sindical — as duas maiores centrais do Brasil — vão juntar forças em 2010, ano eleitoral e de provável crescimento econômico, para tentar avançar em antigas reivindicações trabalhistas, como a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais. A agenda comum também servirá para reforçar a posição favorável à candidatura presidencial da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.
“É a primeira vez que estaremos juntos”, disse o presidente da Força e do Diretório Estadual do PDT de São Paulo, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho. Segundo ele, não haverá uma posição oficial das centrais a respeito das candidaturas, mas o apoio a Dilma será majoritário. “Não posso dizer que todo mundo vai apoiar a Dilma — a grande maioria vai. Tem sindicato na Força que é ligado ao DEM, o meu vice-presidente é do PSDB”, disse ele, referindo-se a Melquíades Araújo, filiado ao partido do governador José Serra (PSDB), provável candidato da legenda à Presidência.Mais enfático, o secretário nacional de Saúde do Trabalhador da CUT, Manoel Messias Nascimento, avisa que não haverá espaço para dissidência. “A candidatura Serra não contempla a continuidade dos projetos de distribuição de renda. O PSDB não tem uma plataforma desse tipo. Eles defendem a política de redução de direitos.”
Vigília
O início da agenda sindical será na terça-feira, quando CUT, Força e as demais centrais — CTB, Nova Central, CGTB e UGT — farão uma vigília dentro do Congresso para exigir que os parlamentares votem a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 231/95, que reduz a carga de trabalho semanal de 44 para 40 horas. A PEC, que tramita desde 1995 e está pronta para votação, recebeu um adendo que remunera as horas extras em 75% a mais que as normais. Não há acordo, contudo, para que o plenário aprecie a proposta.
Os compromissos comuns das centrais culminarão com a Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat), em 1º de junho, quando o movimento sindical deve elaborar um documento a ser entregue aos candidatos a presidente da República. O evento será realizado em São Paulo e pretende reunir milhares de dirigentes e militantes de sindicatos no Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu, na zona oeste da capital paulista.
Lista mais ''pesada''
Segundo Nascimento, por causa do ano eleitoral e da expectativa de desenvolvimento econômico no país, a lista de reivindicações estará mais “pesada” — e as centrais, mais duras nas negociações. “É sempre mais fácil mobilizar as categorias em épocas de crescimento econômico. As pessoas ficam menos ameaçadas pela possibilidade de desemprego”, explica.
Paulinho diz que a redução da jornada será o principal assunto do ano para as centrais. No programa partidário gratuito que o PDT apresentará no dia 11 em rede nacional de rádio e televisão, Paulinho falará, exclusivamente, sobre o assunto. Outros pontos que constarão da pauta das centrais são a mudança dos Índices de Propriedade da Terra e a PEC do Trabalho Escravo.
Em nota publicada no Portal do Mundo do Trabalho — página da CUT na internet —, o presidente da central, Artur Henrique, enfatizou que a convenção de junho “será um instrumento de mobilização que contribuirá no processo eleitoral, demarcando campo com a direita”.
Da Redação, com informações da Agência Estado
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