segunda-feira, 12 de abril de 2010

Os palanques proibidos de Lula

alta popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a profusão de palanques aliados em vários estados ameaçam transformar muitos locais em territórios proibidos para ele durante a campanha eleitoral.

A presidenciável Dilma Rousseff de olho na internet, posa para foto com a tela do notebook aberta no Twitter. Foto: Roberto Stuckert Filho/Divulgação
Os "palanques proibidos" ou "estados perigosos" foram elencados pelo PT para serem analisados caso a caso. Uma das principais zonas de conflito é o Rio de Janeiro. Desde o início do ano, a pré-candidata Dilma Rousseff e Lula procuram administrar as desavenças entre o governador Sérgio Cabral (PMDB), candidato à reeleição, e o ex-governador Anthony Garotinho (PR), um forte adversário de Cabral. Outros 13 estados também apresentam problemas desse tipo.

No caso do Rio, Dilma foi obrigada a cancelar a visita que faria ao estado no sábado para não melindrar Cabral. Tudo porque Garotinho, informado que ela deveria passar pelo balneário, avisou que lançaria a sua pré-candidatura no mesmo dia. O PMDB, então, pediu que ela não fosse ao Rio para não desfilar ao lado de Garotinho. O ato no ABC paulista foi convocado de última hora, só para que ela não ficasse fora do noticiário no dia da apresentação do pré-candidato do PSDB, José Serra.

A ideia do PT para não ser obrigado a manter diversos territórios proibidos ao seu maior cabo eleitoral e não restringir a participação de Lula apenas aos palanques eletrônicos é buscar um "acordo de procedimentos" com os partidos aliados. "Enquanto não definirmos os palanques, não dá para fechar nada. Mas, depois das convenções, teremos que resolver isso, e a ida do presidente dependerá do grau de beligerância dos adversários estaduais. Haverá estados em que, realmente, ficará complicado. Outros que parecem complicados poderão não ser", diz o presidente do partido, José Eduardo Dutra.

Complicados - Entre os "complicados", ele cita o Amazonas. Lá, o governador Omar Aziz (PMN), que planeja concorrer à reeleição, tem o apoio do PCdoB. O ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento (PR) está negociando com o PT. "Lula tem 90% de popularidade e o ex-governador Eduardo Braga, 82%. Só que o ex-governador estará com o seu sucessor, se ele for candidato. Temos ainda Alfredo, que é um ex-ministro do nosso governo e tem o apoio do PT. Teremos que encontrar uma solução. Hoje, é impossível dizer se Lula irá aos dois", diz Dutra.

O sonho de Dutra era poder repetir o que ocorreu em Pernambuco em 2006, quando Eduardo Campos (PSB) e Humberto Costa (PT), adversários na disputa pelo governo do estado, receberam Lula sem problemas. Só que, até agora, essa situação não está configurada em nenhum dos 14 estados onde os partidos da base concorrem entre si. Na Bahia, por exemplo, o ex-ministro da Integração Nacional Geddel Vieira Lima (PMDB) busca um acordo para que o presidente Lula não vá à Bahia na campanha eleitoral.

Há ainda aqueles que, cientes da popularidade de Lula, ameaçam abrir espaço para o PSDB de José Serra, caso Lula vá ao estado. É o caso, por exemplo, da Paraíba. Lá, o governador José Maranhão (PMDB) busca acordo com o PT, enquanto o PSB terá o apoio do PSDB e do DEM para o seu candidato a governador, Ricardo Coutinho, ex-prefeito de João Pessoa. Os socialistas já disseram que Coutinho não desfilará ao lado de Serra, desde que Lula não apareça fazendo campanha para Maranhão. Embora Dutra diga que nada está acertado, os socialistas têm dito que esse acordo já está fechado.

Outro estado que Lula pretende evitar é o Acre, da senadora e pré-candidata à presidência Marina Silva (PV). Tudo para evitar que a sua ex-ministra do Meio Ambiente termine apoiando José Serra caso a eleição seja decidida em dois turnos. Pelo mesmo motivo, fugir de problemas futuros, Dilma desistiu de ir a Juazeiro do Norte (CE). Ela irá apenas a Fortaleza, onde receberá o título de cidadã da capital cearense administrada pela petista Luizianne Lins, e dará entrevistas para rádios. Mas ficará longe do governador Cid Gomes (PSB) por causa do irmão dele, deputado Ciro Gomes, pré-candidato do PSB à presidência da República. Não quer deixar Ciro irritado como ficou o ex-ministro Hélio Costa (PMDB) na semana passada. O PT já concluiu que, se ficar nessa batida, de criar problemas a cada viagem, Dilma e Lula terminarão com tantos territórios proibidos que, se brincar, o presidente só estará mesmo no palanque eletrônico.

Fonte: Diario de Pernambuco

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